
Blindness – Ensaio sobre a Cegueira
“Em terra de cegos, quem tem olho é rei.”.Blindness é um filme baseado na obra homónima do “nosso” português, José Saramago. A história centra-se numa dada população num dado sítio quando, subitamente, todas as pessoas começam a ficar cegos. Entretanto, esses mesmos cegos vão ser instalados numa espécie de exílio de forma a não espalhar o que se pensa que é um vírus. Então, essas pessoas ao viver cegas irão voltar aos seus estados mais primitivos.
Our vision of the world. Will change forever. Blindness não tem como função, a meu ver, demonstrar a cegueira mas apenas serve para explicar um feito maior. O que se intitula como Ensaio sobre a Cegueira poderia ser muito bem chamado de Ensaio sobre as Pessoas. Porquê? Saramago com este livro e o realizador, Fernando Meirelles, tentam mostrar o nosso estado mais primitivo e, talvez, o estado que nós todos temos em comum. Talvez sirva para demonstrar uma visão infeliz do que uma pessoa é. Conhecendo Saramago, depressa vemos, através da televisão por exemplo, a sua visão catastrofista do que o ser humano é. Talvez a palavra para descrever este filme e o autor do livro seria céptico. Mas ser céptico não significa necessariamente mau.
Depois, temos os restantes aspectos. O elenco está espectacular com nomes tanto sonantes como talentosos como Mark Ruffalo, Julianne Moore, Danny Glover, Gael García Bernal, entre outros. Depois, a coordenação dos perfeitos movimentos e usos da câmara com a sonoplastia com o cuidado mise en scène e toda a adaptação da cegueira está espectacular.
A vertente filosófica e a renúncia ao nosso estado base faz-nos reflectir. Reflectir é o grande propósito desta obra. Por isso é que o cinema é arte. Porque existem obras como esta, obras que nos fazem reflectir/pensar e nesta leva-nos ao ponto de pensar na decência de um ser humano perante condições paupérrimas e perante uma anarquia num completo exílio. Eu digo viva!
“A cegueira instalou o pânico, ou o pânico instalou a cegueira.”