domingo, 4 de abril de 2010

- Já vi: Alice in Wonderland (2010)

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Alice in Wonderland – Alice no País das Maravilhas

Tim Burton é um realizador singural que, por sua vez, realiza trabalhos singulares. Burton já não realiza trabalho original há uns tempos e, na minha opinião, começo a notar falta desse trabalho original que tantas vezes me comoveu e deslumbrou e que me deixa convicto de dizer que sou fã de Tim Burton. Essa é a sua característica. Ou se gosta ou não. Raramente existe um meio-termo.

Alice in Wonderland baseado na obra sonhadora de Lewis Caroll conta a história de uma menina que, ao seguir o coelho branco, cai num buraco e entra num mundo maravilhoso com (in)imagináveis seres e coisas. Nesta adaptação de Burton para o grande ecrã, Alice (Mia Wasikowska) tem 17 anos e já não se lembra do País das Maravilhas. Agora, de volta a Wonderland terá que encontrar a espada Vorpal e matar o terrível ser que é comandado pela rainha Vermelha (Helen Bonham Carter) de modo a tornar Wonderland, novamente, num lugar pacífico e mágico.

Uma das coisas que mais me emocionou no mundo de Burton foi o aspecto gore com que ele abraçava todos os seus projectos e ambientes desses filmes. Nota-se esse ambiente gore em quase todos os filmes e em alguns esse ambiente é predominante durante a fita toda como no mais recente Sweeney Todd. Ora, Burton a cargo da Disney, revolucionou um pouco o seu estilo, nota-se traços de Burton mas nota-se a tentativa de agradar as crianças e, especialmente, o 3D a fim de maravilhar essas mesmas crianças. Hoje em dia, quase todos os filmes de animação são em 3D e vemos sempre as crianças a sair com uns óculos que imitam uns Ray Ban e todos maravilhados com as folhas que caiam ou com os seres azuis que vinham na sua direcção. Nota-se, assim, uma tentativa de lucrar e não agradar. Porque neste filme o 3D era quase escusado!

Mas a fita não está má, não, perde-se com alguns clichés e com a fórmula estreotipada de um herói(heróina) que tem que lutar contra algo diabólico num duelo final e no fim tudo volta ao estado que se pretendia, tudo volta pacífico. O grande problema é que nos créditos tem o nome de Burton! Isso desilude porque existem aspectos que estão espantosos tais como a caracterização, a banda sonora (a cargo do maravilhoso Danny Elfman), as interpretações, a montagem, o guarda-roupa, e o Wonderland está mais mágica que nunca…

Tim Burton usa aqui o seu leque de actores habitual e, como sempre, não desilude. Depp está espantoso, Carter igualmente, as vozes estão espantosas com especial referência para Alan Rickman e a grande supresa é mesmo Alice, Mia Wasikowska. Uma desconhecida que se torna a personagem principal neste conto de fadas adulto mas que o principal a reter é mesmo o entretenimento.

Em suma, Burton desilude por ser Burton pois com certeza se este filme fosse de outro realizador desconhecido ou assim o filme até passaria por bom mas não, é Burton e na tentativa de se reduzir à Disney prova que estava muito bem a fazer os seus filmezinhos com o seu leque de actores e com a banda sonora de Danny Elfman e deixava Alice para outra pessoa!

A Frase: “- Have I gone mad?

- I'm afraid so. You're entirely bonkers. But I'll tell you a secret. All the best people are.”

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14 comentários:

Nuno Pereira disse...

Ainda não vi esse...., Burton e Gilliam são dois cineastras que no "meu cinema" são imcompreendidos :)

Gosto imenso das criações visuais que o Burton consegue nos seus filmes, mas depois o resto nunca me convenceu.

Digamos que "odeio" o Burton desde que ele tentou dar de cabo do Planeta dos Macacos Original com o seu remake fraquito e de aterragens forçadas :)

O Gilliam têm também um cinema muito singular, igual ao de Burton.

Bruno Cunha disse...

Naso, eu gosto imenso de cinema Burtonesco, mas também não vi o Planeta dos Macacos, como sugestão deixo-te Edward Scissorhands, Sweeney Todd e o meu preferido dele, Big Fish!

Em relação a Gilliam, ainda só vi um filme dele mas posso constantar o que várias pessoas constantam do seu cinema: falha na escrita mas é extremamente criativo, original e produz um cinema único, penso eu...

Abraço

bruno knott disse...

Por ser Burton a gente sempre espera um pouco mais mesmo...

Parece que se trata de um belo trabalho técnico e só!

Vou conferir. Curti as fotos, a proposito!

Abs.

Bruno Cunha disse...

Bruno, vale por vários aspectos, em questões técnicas também não é mau mas falta aquele gore de Burton!

Abraço

Hugo disse...

Assisti apenas ao trailer e tecnicamente parece ser ótimo, mas quanto a história preciso conferir.

Sou fã de Burton, sua obra é original e marcante.

Abraço

Bruno Cunha disse...

Hugo, também acho isso de Burton.

Não acho o filme óptimo, mas desenrasca-se bem...

Abraço

Marcelo Pereira disse...

Não poderíamos estar mais de acordo em relação a este Alice. Mas a interpretação de Bonham Carter merece mais destaque - esta senhora dá uma lição de cinema a Depp, que se torna repetitivo e saturante!

Abraço

Bruno Cunha disse...

Marcelo, não acho no que toca a Carter e Depp!

Abraço

Nuno Pereira disse...

@Nekas

Já vi esses todos....

Bruno Cunha disse...

Nasp, eu acho-os verdadeiras pérolas cinematográficas!

Abraço

Catarina Norte disse...

Apesar de admitir que não estamos perante o melhor de Burton, eu gostei imenso de "Alice in Wonderland" e acho que está lá presente o lado gore e negro e típico de Burton, como por exemplo, a própria apresentação de Wonderland e o facto de a Alice ser uma outsider àquela sociedade vitoriana! Depois, temos um filme visualmente esplendoroso e com óptimas interpretações, com destaque para Carter, Depp e a voz de Alan Rickman!
Por isso talvez desse 8 ou mesmo 8,5...

Concordo que de facto o filme não precisava do 3D...

Abraço

Bruno Cunha disse...

Catarina, há elementos que discordamos, a voz de Rickman estava mesmo espectacular.
Penso se Burton não tivesse a Disney como produtora teria feito um melhor trabalho e teria feito sem 3D!

Abraço

Tiago Britto disse...

Pois é, nossa crítica foi até muito parecida. Concordamos em gênero e grau!

abs

Bruno Cunha disse...

Tiago, pois foi. A única diferença é que eu acho que Burton não se diferenciou tanto como tu dizes...

Abraço